terça-feira, 17 de maio de 2011

OS LIVRO DO MEC TÁ C’UNS POBREMA

“... e os pobrema dói na zureia... e preocupa as gente c’os futuro da juvintude...”

Quanto mais se terá que suportar, neste país, até que a intelectualidade constituída e publicamente reconhecida se insurja de forma veemente contra o assassinato da língua e da inteligência nacionais?

O país (inclua-me aí, nesse contexto) vem assistindo, silente e conformado, a um bizarro desfile de atrocidades que o poder constituído vem cometendo contra os mais sagrados valores nacionais. Não bastasse o abominável teatro arquitetado de forma terrível para, aos poucos, amortecer nos cidadãos o real sentido da honestidade (veja-se os escândalos e mais escândalos envolvendo os três poderes nacionais, numa escala “nunca antes vista na história deste país”), não bastasse o desrespeito à verdade de fatos estarrecedores que invadem nossos jornais e televisões todos os dias, sempre envolvendo figuras de proa da nossa já esfarrapada República, agora se vem arquitetando um dos piores assassinatos possíveis: o da língua nacional! E atrás dele, uma tendência inevitável, que já começa a se fazer notar nos livros didáticos utilizados pela rede pública: o assassínio da História.

Desde que se conhece por gente, esta capivara que lhes escreve aprendeu a duras penas, em bancos escolares públicos, a importância do respeito à língua, aos livros, à História, à Verdade. Não, pessoas, não tenho a ilusão nem a ingenuidade de querer pensar que exista uma História dita “real”, nem uma Verdade que se pretenda “absoluta”, até porque tanto uma quanto outra dependerão sempre do ponto de vista ou da interpretação de seus relatores.

Não, meus amigos, não me equivoco quanto uso o termo “relator” para que me faça entender, já que num sentido puro sabemos que quem “escreve” história tem uma inevitável tendência de imprimir aos fatos a sua própria visão deles, tanto quanto quem se propõe a escrever sobre a Verdade corre o risco de a estar reinventando. Por isso, o fato que se “relata” vira história e, pelo que entendo, um contexto histórico que se relata é o prenúncio de uma Verdade. E, aqui, penso que cabe uma breve digressão sobre o destino de estados nacionais que faliram ao longo do tempo – ou que vivem em constante estado de moribundância. Tal foi a falência do poderoso Estado soviético, tal é a triste situação de Cuba. Há ainda muitos exemplos modernos de como  se destrói a liberdade de pensamento de um povo, anestesiando-lhe a vontade, negando-lhe acesso à informação de qualidade, como na Venezuela de Chávez (e seu joelho adoentado), na Bolívia do cocaleiro Morales... e por aí afora e adentro da América Latina.

Ainda aturdido pela repercussão da bizantina e inacreditável situação dos livros de português aprovados pelo MEC recentemente, que chegaram ao público estudantil com a missão clara de destruir a língua portuguesa, talvez para ficar mais fácil a compreensão da doutrina que se lhes pretenda impingir num estágio futuro do “esquema”, caí de costas ao ler hoje na Folha matéria que reportava o desencontro entre o Ministro da (?) Educação (?) e os integrantes da Comissão de Educação do Senado, que preendiam obter esclarecimentos do ministro acerca dos livros aprovados pelo governo federal que criticam a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e rasgam elogios ao governo Lula. E só me vem a clássica e tão repetida pergunta: “Que país é esse?” Que fique aqui bem claro que, tanto quanto não professo religião petista, também não estou alheio a muitos dos equívocos do neo-liberalismo FHC.

Na dita comissão, se fazia presente o Sr. Roberto Requião, senador pelo estado onde nasci. Nunca morri de simpatia pelo Sr.Requião e também nunca fiz segredo disso nos meus círculos de convivência, mas dei a mão à palmatória ao ler que foi o único que teve a coragem, em nome da comissão, de cancelar o encontro ao ver que o ministro não comparecera, limitando-se a enviar representantes, cujas capacidades não questiono, mas que certamente não traziam mandato para responder institucionalmente pelo ministério.

Como bem informou a Folha, uma das exigências do MEC (sim, do próprio MEC) para aprovar os livros é que não haja doutrinação política nas obras utilizadas. No entanto, o livro "História e Vida Integrada" enumera problemas relacionados a apagão de energia e crise cambial, durante o Governo FHC, além de tecer duras críticas às privatizações. Já o capítulo de livro da ONG Ação Educativa, intitulado "Por uma Vida Melhor", diz que, na variedade linguística popular, seria plenamente admissível a frase: "Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado", num raro exemplo de inaptidão de seus autores para ensinar a língua que se fala e se escreve (ou dever-se-ia) no Brasil. E o pior é que o MEC, que supostamente avaliou e que, presumo, deveria recusar o livro em questão, não só o aprovou como liberou a distribuição a 4.236 escolas do país.

Estupefacto, não mais que 5 ou 6 minutos depois de ler a matéria, deparei-me com outra, não menos bombástica, dando conta de que o Sr. Lula da Silva fará palestra nesta quarta-feira numa reunião de bilionários latinoamericanos e seus herdeiros na ilha de Comandatuba, na Bahia. Ele foi contratado para participar do 9º Encontro de Empresários da América Latina - Pais e Filhos. Em link da mesma matéria a Folha revela que o ex-presidente aceitou proposta de US$ 500 mil (isso mesmo, quinhentos mil dólares), para fazer uma palestra na Coréia do Sul, atividade que, conforme cálculo do próprio PT, segundo a Folha, permitiria ao palestrante ultrapassar a cifra de seu primeiro milhão de dólares, apenas quatro meses após ter deixado o governo.

Resumindo, muita gente pode ter sido correta e politicamente doutrinada a detestar as “zelite”, mas os doutrinadores certamente sabem o quanto valem os dólares que ela tem para gastar com cachês de palestras. Confira no link... http://www1.folha.uol.com.br/poder/910982-lula-ganhara-us-500-mil-da-lg-para-dar-palestra-na-coreia.shtml.

Numa indiscutível e indisfarçável demonstração de “complexo de Zelig” (assista ao filme de mesmo nome - Zelig, uma obra-prima de Woody Allen), os seguidores de Saddam Houssein, militares ou não, todos usavam bigode. Aqui, aparentemente vítimas da mesma doença, muitos políticos nacionais ceceiam (do verbo 'cecear'), usam barba cerrada e se dirigem sempre às multidões na forma mais “politicamente correta” por eles inventada: - Bom dia a todos e todas! (sic) Só posso deduzir que o significado da expressão “comum de gênero” nunca foi ensinado em suas escolas, bem como nunca foram informados de que a palavra presidente não é ofensiva à feminilidade de ninguém.

Capivaraf pa vofêf !!!

Fui 

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